Não gostava de tirar água do poço. Nunca vinha limpa.
As impurezas acumuladas no fundo turvavam-me o esforço de acreditar na pureza do beijo. Como a água do poço, o beijo era frio.
Também ele turvo, sem que no entanto lhe conhecesse a razão da sua incerteza, escorria sem que tivesse tempo de o sentir.
Seria limpo, puro e verdadeiro se não viesse do fundo?
Não sei. Mas sei que nunca vou saber a que sabe a água de um beijo que vem de cima, da água mais limpa, mas cristalina. Daquela água que se reflecte em nós e nos inunda de luz e certeza.
Não gosto de tirar água do poço.
A água do beijo vem sempre do fundo. E no fundo do poço o beijo é seco.
(Dez/2009)
(Dez/2009)
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